É hora de uma nova teoria sobre a Doença de Alzheimer
Redação do Diário da SaúdeOs esforços científicos que tentam compreender a doença de Alzheimer já avançaram o máximo que podiam com base nas teorias atuais. E, como avançaram pouco, está na hora de trocar de teorias.
Herrup acredita que placas e emaranhados associados com a proteína beta amiloide são unicamente sintomas, e não as causas da doença.
Hipótese da cascata amiloide
A doença de Alzheimer é uma doença incurável, degenerativa e eventualmente fatal, que ataca a função cognitiva. Ela afeta mais de 26 milhões de pessoas em todo o mundo e é a forma mais comum de demência entre pessoas com mais de 65 anos.
Nas últimas três décadas, a maioria das pesquisas de Alzheimer tem sido governado pela "hipótese da cascata amiloide".
Nos últimos anos, entretanto, dezenas de ensaios clínicos em humanos com base nesta teoria falharam.
Nova teoria sobre Alzheimer
O Dr. Herrup sugere uma perspectiva alternativa, que ele formalizou em um artigo publicado hoje no Journal of Neuroscience.
Destacando que a idade é o fator de risco mais importante na doença, ele sugere uma nova hipótese na qual a idade é o ponto de partida.
A idade diminui a agilidade do cérebro e diminui suas respostas às mudanças. Por si sós, no entanto, as mudanças relacionadas à idade causam apenas um lento declínio "natural" na função cognitiva, afirma Herrup.
Ele postula que, embora essas mudanças possam aumentar o risco do Alzheimer, elas não causam a doença.
Herrup acredita que há três passos básicos que são necessários para que um indivíduo progrida dessa situação natural para o espectro completo dos sintomas clínicos de Alzheimer:
- uma lesão inicial, provavelmente de origem vascular;
- uma resposta inflamatória, que é crônica e única para a doença de Alzheimer;
- e uma alteração celular de estado, uma porta celular biológica sem volta, que altera permanentemente a fisiologia dos neurônios e vários outros tipos de células no cérebro.
"A lesão inicial pode desencadear uma resposta protetora nas células cerebrais," afirma ele. "Mas o problema real é que, no idoso, a resposta não sabe quando parar. Ela continua mesmo após a própria lesão desaparecer. No final, o dano real é feito pela persistência da resposta, e não pela lesão em si."
Estímulo ao debate
Herrup espera que sua nova teoria estimule o debate e abra caminho para novos avanços experimentais e de diagnóstico. "Esta nova hipótese, por exemplo, enfatiza o valor das abordagens anti-inflamatórias para a prevenção da doença de Alzheimer," afirma.
Ele admite que os componentes individuais do modelo não são inteiramente novos, mas assinala que, ao reorganizar sua ordem e mudar suas prioridades, sua visão tem enormes implicações para as modernas pesquisas sobre Alzheimer.
"Minha hipótese implica que a agregação de beta-amilóide não é uma parte central da biologia da doença de Alzheimer," diz Herrup. "Ela prevê que se pode ter placas sem ter a doença de Alzheimer e que é possível ter a doença de Alzheimer sem ter as placas.
"Os pesquisadores devem ser cautelosos ao seguir estas previsões, mas desde que nós já fomos tão longe quanto podíamos com a nossa hipótese atual, talvez tenhamos chegado a um ponto onde cautela demais não é uma boa recomendação. É hora de re-imaginar a doença de Alzheimer para que possamos pensar criativamente sobre seu tratamento.".
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