sábado, 23 de agosto de 2008

Mari: "Agora vão ter que nos aplaudir. E de pé"



Marcelo Belpiede, enviado especial

AFP
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Após fracasso em Atenas, Mari comemora reação, título inédito e aniversário
Pequim (China) - Se tem alguém para quem o título olímpico da seleção brasileira feminina de vôlei é especial, essa pessoa é Mari. Fazendo 25 anos neste sábado, a atleta passou o último ciclo olímpico sendo bastante criticada por ter perdido dois dos cinco match points desperdiçados pelo Brasil no fatídico quarto set da semifinal de Atenas contra a Rússia, quando o time nacional tomou uma virada inacreditável.

Apesar do trauma, Mari jamais se negou a falar no tema. Inclusive, no desembaque da competição grega, inclusive, ela foi a primeira a aparecer no saguão do aeroporto de Cumbica e em nhnum momento fez menção de fugir dos jornalistas. Agora, a atleta finalmente pôde desabafar.

Responsável pelo ataque que mandou a bola para o lado dos Estados Unidos e culminou em um erro de Logan Tom e o encerramento da final olímpica, Mari primeiro fez sinal de "cala a boca" para as câmeras. "Agora, vão ter que nos aplaudir. E de pé", afirmou a atleta, mostrando a sua medalha de ouro. "Está aqui a prova de que nós poderíamos chegar lá", emendou.

"Não foi fácil, passamos por muita coisa nestes últimos quatro anos e tivemos muitos motivos para desistir. Mas quem fracassa é quem não trabalha", afirmou a aniversariante. "Ganhar esse presente no dia no meu aniversário foi coisa de Deus", emendou.

Mari deixou claro, porém, que sempre seguiu forte o seu trabalho mesmo com as críticas pelos ataques desperdiçados em Atenas-2004. "Minha vida não é feita apenas de uma bola. Durante o ano todo, tenho que atacar milhares de bolas da melhor maneira possível. Não me apeguei naquele erro", comparou.

Na decisão olímpica deste sábado, Mari se viu novamente em uma prova de foga, já que era o grande alvo dos saques das adversárias. Mesmo oscilando no passe, a jogadora comemorou o sucesso na difícil missão de passadora. "Cada equipe tem a sua tática e tenho que pensar em fazer o melhor trabalho possível. Durante o jogo, consegui defender, atacar, contra-atacar. A gente estava preparada", alertou.

Líbero da equipe, Fabi contou que fez o gesto de "cala a boca" mais por Mari do que por todas as críticas sofridas pelo time. "Ela precisava disso, pois são quatro anos que fica vivendo aquela última bola, sendo que fez mais de 30 pontos em uma semifinal olímpica", lembra a atleta, se referindo ao jogo contra as russas, na qual não estava na seleção.

"Eu sei o que a Mari sofreu, apesar de ser muito calada e tímida. Ela não poderia ficar marcada por aquele jogo", encerrou.

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