Olá, leitores!
Hoje falaremos de uma doença de grande e crescente impacto social: a doença de Alzheimer.
Primeiramente, é importante explicar a vocês como essa doença se
caracteriza.
A doença de Alzheimer (DA) foi
caracterizada pelo neuropatologista alemão Alois Alzheimer em 1907 e é uma
doença neurodegenerativa progressiva e irreversível que compromete o cérebro
causando: diminuição da memória, dificuldade no raciocínio e pensamento e
alterações comportamentais.
O estudo histológico feito pelo alemão Alois Alzheimer verificou a existência
de placas senis - hoje identificadas como agregados de uma proteína tóxica para
as células nervosas chamada beta-amilóide - e de emaranhados neurofibrilares -
hoje associados a mutações e consequente hiperfosforilação de proteína Tau, no
interior dos microtúbulos do citoesqueleto dos neurônios. A DA pode
manifestar-se já a partir dos 40 anos de idade, sendo que a partir dos 60 sua
incidência se intensifica de forma exponencial.
Essa patologia possui relação estreita com o novo
contexto socioeconômico em que estamos inseridos. O aumento no número de idosos
na sociedade já garante um crescimento relevante das taxas de pessoas acometidas
por DA.
Aprofundando um pouco mais, a doença de Alzheimer
é caracterizada pela neuropatologia
típica, comprometimento da função sináptica e perda de células. A bioquímica
deste distúrbio envolve o estresse oxidativo, no qual há o
acumulo de radicais
livres levando a peroxidação lipídica e degeneração neuronal excessiva em
determinadas regiões do cérebro.
Os
níveis de oxidação por radicais
livres de
lipídios, proteínas e DNA são
elevados no
tecido cerebral post-mortem de pacientes
com DA quando
comparados com cérebros de indivíduos
não acometidos por tal patologia.
Sabe-se que o cérebro é um órgão que possui alta
sensibilidade aos danos causados pelo estresse oxidativo. Tal fato é justificado
pelo alto consumo de oxigênio do tecido cerebral, pelo conteúdo relativamente
baixo de substâncias antioxidantes
e também pela presença de ácidos graxos facilmente oxidados. Além de todos esses
fatores, o alto nível de ferro no tecido também colabora para os danos causados
pelo estresse oxidativo.
Vocês lembram daqueles agregados de proteína
beta-amilóide que foram citados ali em cima?
Bem, eles são um ponto chave para o entendimento
desse post! A quebra dessas moléculas das placas senis é uma fonte muito
importante de produção de radical livre, ou seja, o acúmulo de β-amilóide pode gerar espécies
reativas de oxigênio (ROS), que têm efeitos citotóxicos e deletérios.O processo de oxidação que será observado posteriormente
à produção desses radicais desencadeia um processo inflamatório – o qual também
será responsável pela produção de radicais - ou seja, alguns fatores imunes
serão produzidos para ativar, por exemplo,
as micróglias. Entretanto, quando elas são
ativadas por oxidação beta-amilóide, eles
liberam moléculas tóxicas chamadas de
citocinas, que são
conhecidos por causar
danos. Logo, serão as células nervosas quem sofrerão as
consequências desse processo inflamatório, fato que causará a possível morte
celular de muitas delas.
Uma outra área de possível atuação dos radicais
livres na Doença de Alzheimer seria a oxidação de membranas celulares, as quais
são compostas por fosfolipídeos insaturados. Essas insaturações encontradas nas
moléculas de fosfolipídeos, como ácido araquidônico e ácido
docosahexaenóico, servem como alvo
certo para espécies reativas de oxigênio.
A relação do elemento Ferro com a DA também pode ser
facilmente compreendida, visto que esse metal catalisa grande parte das reações
produtoras de radicais livres. A forma como
o ferro atua nesse processo de produção de radicais será melhor elucidada no
tópico Metabolismo do Ferro, entretanto, é interessante ter em mente que o Ferro
possui grande importância também nesse desequilíbrio oxidativo cerebral. Um fato
importante a ser salientado sobre esse assunto e que realmente demonstra a
relação estreita entre o Ferro e a Doença de Alzheimer é a presença desse
elemento em grande quantidade em placas senis. Além disso, a distribuição do
ferro e a sua coincidência com a
distribuição dos emaranhados neurofibrilares dos cérebros acometidos também
reforça essa relação.
Após esse vasto conteúdo, não podemos deixar de falar
também sobre um dos principais danos ocasionados pelas espécies reativas: a
peroxidação lipídica.
Essa figura é apenas para ilustrar a
participação de radicais livres
no processo de peroxidação lipídica. Esse tópico será melhor abordado
posteriomente.
Mas por quais motivos esse dano seria tão evidente em um
cérebro acometido por DA?
Bem, aqui estão alguns dos argumentos científicos
utilizados para tal teoria:
· Níveis elevados de ácido tiobarbitúrico (TBARS),
uma medida da peroxidação lipídica, são encontrados nos cérebros de pacientes
com DA em comparação com o tecido cerebral de indivíduos não demenciados.
· Os níveis de dois tipos de isoprostanos,
biomarcadores de peroxidação lipídica (Isoprostanos são isômeros de
prostaglandinas, que são compostos quimicamente estáveis formados
principalmente através da oxidação dos radicais livres induzida pelo
não-enzimática do ácido araquidônico), foram aumentados de forma seletiva em
regiões do cérebro afectados pela
AD, tais como os pólos frontais e temporais, em comparação com a região do
cerebelo, que é raramente afetado pela DA. Além disso, em um
estudo recente realizado na University of Medicine and Dentistry of New Jersey–School
of Osteopathic Medicine, os níveis
de isoprostanos foram encontrados elevados na urina de pacientes com DA quando
comparados com os níveis de pacientes controle sem demência
provável.
· Os fosfolípideos da membrana cortical são
diminuídos no cérebro dos pacientes com DA.
Como
vocês viram, os radicais livres possuem realmente uma estreita relação com essa
doença neurodegenerativa. Mas não se enganem! Não é por isso que deve-se basear
o tratamento dessa patologia no uso de antioxidantes! Pelo contrário, a evidência para
o uso
de antioxidantes no tratamento da doença de Alzheimer
tem sido irregular. Algumas
pesquisas apontam para a Vitamina E como possível retardadora do processo
patológico, entretanto mais estudos precisam
ser conduzidos para determinar se outros antioxidantes, bem como melhorias na dieta em relação a consumo de frutas
e vegetais ricos
em atividade antioxidante, podem reduzir o
risco para a DA ou até mesmo prevenir
totalmente um ser humano contra tal patologia.
Então é
isso, queridos leitores! Espero que tenham gostado desse post! Caso haja alguma
dúvida, não hesitem em mandar comentários! :)
Até o
próximo!
Bibliografia