sábado, 26 de abril de 2014

“Hipótese de cascata do amilóide”

Duas décadas de pesquisas criaram um quadro da doença de Alzheimer chamado de “hipótese de cascata do amilóide”, que quer dizer mais ou menos isto: todos temos essa proteína no cérebro, normalmente liberada e descartada. Mas algum desencadeador, combinado com o envelhecimento, incita uma mudança – mutação genética, talvez, um vírus, traumatismo na cabeça ou lesão cerebral sutil causada por infarto ou AVC. De repente, uma quantidade excessiva de amilóide tóxica é produzida ou não é eliminada com rapidez suficiente. Isso acarreta acúmulo de placas amilóide nos neurônios. Uma alteração degenerativa da proteína tau também ocorre. Como resultado, o transporte de nutrientes é impedido, e as células nervosas morrem.
A princípio, a transmissão dos impulsos no cérebro é interrompida, prejudicando o armazenamento e a recuperação da memória – e, nesse estágio, medicamentos, como inibidores da colinesterase, podem ajudar. Conforme mais amilóides e proteínas tau degeneradas se depositam, mais neurônios morrem, o cérebro se torna inflamado, os tecidos atrofiam e, por fim, toda a rede neural pára de funcionar. O processo provavelmente leva anos para se desenvolver, começando muito antes de os sintomas aparecerem.
“Se conseguirmos interromper o acúmulo de amilóides poderemos parar a doença”, diz Bertolucci.

Remédios para o Mal de Alzheimer

Pesquisadores descobriram mais de 30 compostos diferentes que podem interromper, retardar ou impedir o acúmulo de placas amilóides em camundongos, ou ainda acelerar sua liberação.
“Não sabemos se algum deles fará o mesmo em seres humanos”, diz o Dr. Paul Fraser, professor de biofísica médica da Universidade de Toronto, que fez parte da equipe que anunciou um novo agente promissor em junho de 2006. Um composto chamado ciclohexanehexol, ou AZD-103, interrompeu o acúmulo de beta-amilóide em camundongos e reduziu os sintomas.
Os compostos estão na Fase I dos testes clínicos. Outros estão na Fase II. Nela, a eficácia do tratamento é testada em grupos de 100 a 300 pessoas. Depois, se ele ainda for promissor, avançará para ensaios clínicos de Fase III em até 3 mil pacientes com grupos de controle. Nem os pacientes nem os médicos pesquisadores terão conhecimento de quem estará recebendo o tratamento até o fim do estudo.
“Existem muitas drogas em fase de investigação, que, para se mostrarem úteis, necessitam de tempo de estudo. Uma medicação leva, em média, dez anos, desde o início da pesquisa até estar disponível na farmácia”, lembra o Dr. Senger.

Quanto mais cedo a doença for diagnosticada, melhor

Os resultados podem não vir cedo o bastante para Carlos Souza,* de 71 anos, militar aposentado do Rio de Janeiro, e sua mulher, Neuza Souza,* de 66. Carlos recebeu o diagnóstico de Alzheimer em 2002, poucos meses depois que os primeiros sintomas de confusão e esquecimento surgiram.
“Eu sempre fui muito organizado, mas de repente não sabia onde colocava nada. Sempre fui muito bom em esportes, principalmente tiro, mas já não conseguia praticar”, diz Carlos. Certa noite, sua mulher escreveu uma carta-desabafo na qual descrevia todo o processo estranho e perturbador que acometia o marido, além das dificuldades e do estresse relacionado aos cuidados com ele. “É um grande sofrimento. Não sei o que é pior, se perder o marido de uma vez ou ir perdendo aos poucos para a doença.”
Eles têm uma importante mensagem para outras pessoas que apresentem sintomas iniciais de Alzheimer: “Não protele! Obter um diagnóstico imediato e falar abertamente sobre a doença é muito, muito importante”, aconselha Neuza.
Como os dois procuraram ajuda médica especializada logo no surgimento dos sintomas, Carlos hoje se sente muito bem. “O meu médico diz que estou assim porque me trato desde o início. Acho que tenho apenas dois neurônios, mas meu cérebro ainda funciona. Estou sempre lendo e forçando minha mente”, brinca ele.
Neymar de Castro concorda: “No início, até por um mecanismo de defesa, quem sofre de Alzheimer não admite que tem a doença. Antônio até se recusava a reconhecer os sintomas, apesar de ser uma pessoa dócil. Mas isso só retarda a obtenção de ajuda.”
Com o surgimento dos primeiros tratamentos potencialmente eficazes, que envolvem um grande número de novos remédios em ensaios clínicos, agora, mais do que nunca, é o momento de encarar a doença.

Tipos de demência e doenças mentais

A doença de Alzheimer responde por 64% dos casos de demência. Mas outros males também podem causar confusão mental, perda de memória ou deterioração física.
“O diagnóstico correto é importante porque certos tipos de demência são reversíveis ou tratáveis”, diz a Dra. Márcia Chaves, neurologista com especialidade em doença de Alzheimer. Hoje, a disponibilidade de medicamentos que podem estabilizar os sintomas e outras drogas ainda em fase de teste tornam fundamental o diagnóstico correto nos estágios iniciais de doenças mentais. “Antigamente, o médico só podia fornecer apoio social e clínico”, diz a Dra. Márcia.
Em comparação com outros tipos de demência, a doença de Alzheimer apresenta um grupo de sintomas de progressão gradativa que, com uma história clínica detalhada do paciente, exames cognitivos e de imagem, fornece um diagnóstico preciso “80% a 90% das vezes”, diz ela.
Ao contrário da doença de Alzheimer, as demências causadas por infecção ou interação medicamentosa (uso de dois ou mais medicamentos que atuam entre si) têm sintomas que surgem de repente, do dia para a noite.

Diferentes tipos de demência

Demência vascular
A mais comum depois da doença de Alzheimer, é causada por episódios únicos ou múltiplos de acidente vascular cerebral (AVC) e pode existir só ou combinada com Alzheimer. O início pode ser súbito ou gradual. Tabagismo, obesidade, diabete e hipertensão arterial são fatores de risco. O tratamento consiste em reduzir os fatores de risco e usar a medicação para melhorar o fluxo sanguíneo para o cérebro. Drogas como o Eranz têm demonstrado eficácia.
Doenças do príon
Proteínas anormais que podem ser transmitidas pela pele, os príons são responsáveis por doenças raras como a de Creutzfeldt-Jakob (DCJ). A DCJ é uma forma de demência de progressão rápida que apresenta quatro formas: esporádica, surgindo em pessoas com 45 anos ou mais, sem fatores de risco; em famílias com mutação genética no príon; a partir da exposição ao tecido infectado pela doença; e pela ingestão de carne contaminada pela doença da vaca louca.
Demência com corpos de Lewy
Como as placas na doença de Alzheimer, os corpos de Lewy são estruturas incomuns, cheias de proteína, localizadas no cérebro e que acarretam a morte de alguns neurônios e a lesão de outros. Esta demência pode coexistir com as doenças de Alzheimer e de Parkinson e apresenta sintomas de ambas. A causa não é conhecida. Não há cura.
Demência frontotemporal (doença de Pick)
A doença de Pick afeta os lobos frontal e temporal do cérebro. Os sintomas surgem mais freqüentemente em pessoas com 50 a 60 anos e incluem alteração súbita do comportamento e problemas da fala, mas a memória parece ser poupada no início. Confusão e demência pioram com a progressão da doença. Causas e fatores de risco são desconhecidos. Não há cura.

10 sinais do Mal de Alzheimer

É mesmo doença de Alzheimer ou apenas sinal de “velhice”?
Enquanto todos temos lapsos de memória esporádicos – esquecemos de servir a sobremesa, somos incapazes de lembrar o nome de alguém, nos esquecemos do que tínhamos de fazer ao entrar em um cômodo da casa –, os sintomas da doença do Mal de Alzheimer são mais freqüentes e graves. A Academia Brasileira de Neurologia lista dez sinais preocupantes:
  1. Perda de memória que afeta o dia-a-dia, principalmente ao esquecer eventos recentes.
  2. Dificuldade de realizar tarefas domésticas que você fez a vida toda, como preparar uma refeição.
  3. Problemas de linguagem, como esquecer palavras simples com freqüência ou fazer substituições inadequadas.
  4. Desorientação quanto ao tempo e ao espaço – perder-se na própria rua onde mora.
  5. Poder de análise comprometido, como escolher mal a própria roupa.
  6. Problemas com o pensamento abstrato, como ser incapaz de reconhecer o que significam os números em um talão de cheques.
  7. Colocar objetos em lugares errados, como um ferro de passar dentro da geladeira.
  8. Uma combinação de comportamentos ou alterações de humor como ir de um estado de calma às lágrimas e depois ter um comportamento agressivo sem razão aparente.
  9. Alterações de personalidade, como se tornar introspectivo, desconfiado, medroso ou fora dos padrões sociais normais.
  10. Perda de iniciativa, tornando-se muito passivo e exigindo incentivos ou “deixas” para se envolver nas tarefas.
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sexta-feira, 18 de abril de 2014

CAFEÍNA x BETA-AMILÓIDE


Um estudo realizado na Universidade da Flórida revelou que a beta amilóide (proteína considerada causadora do Alzheimer) pode ser inibida pela cafeína. Foram usados 55 camundongos modificados geneticamente para desenvolverem a doença, esses animais tinham entre 18 e 19 meses (70 anos da idade humana) e foram separados em 2 grupos, todos os dias um dos grupos recebia em torno de 500 miligramas de cafeína misturada na água e o outro grupo recebia água pura.
Após realizados os testes, foi observado que nos animais tratados com cafeína a produção de beta-amilóide foi reduzida pela metade, e esses ratos reagiram bem melhor aos testes comportamentais, equivalente a um camundongo sadio.
Isso se daria devido a cafeína inibir algumas enzimas necessárias na formação da beta-amilóide, e também pelo fato de ser suprimido processos inflamatórios que levariam a uma maior presença da proteína.
O pesquisador Gary Arundash (Líder da pesquisa) comemorou o resultado, porém afirma que ainda é cedo para concluir algum fato, já que os testes ainda não foram repetidos em humanos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
www.reabilitacaocognitiva.com.br

domingo, 6 de abril de 2014

Vitamina C dissolve proteína tóxica que causa a doença de Alzheimer
 
Estudo publicado no “Journal of Biological Chemistry“
23 Agosto 2011
Cientistas da Universidade de Lund, na Suécia, descobriram que a vitamina C é capaz de dissolver a proteína tóxica que causa o início da doença de Alzheimer no cérebro. O estudo foi publicado no “Journal of Biological Chemistry “.
 
O cérebro de pessoas com Alzheimer apresenta acumulação de placas amilóides. Estas placas causam a morte das células nervosas no cérebro e os primeiros nervos que são atingidos são os do centro da memória.
 
Em comunicado de imprensa, Katrin Mani, especialista em medicina molecular da Universidade de Lund, explicou que quando trataram “o tecido cerebral de ratos, manipulados para apresentarem Alzheimer, com a vitamina C, observámos que a proteína tóxica se dissolvia."
 
Estes resultados mostram, segundo a investigadora, um modelo até então desconhecido pelo qual a vitamina C afecta as placas amilóides. "Outro dado interessante verificado é que a vitamina C não necessita vir de frutas frescas. As nossas experiências mostraram que a vitamina C também pode ser absorvida em maiores quantidades na forma de ácido dehidroascórbico, proveniente de sumo que passou a noite no frigorífico, por exemplo ", acrescenta.
 
Actualmente, não existe um tratamento que cure a doença de Alzheimer, mas os cientistas continuam a investigar novas vias que possam conduzir a fármacos e métodos para atrasar e reduzir a progressão desta doença, combatendo os seus sintomas.
 
Os antioxidantes como a vitamina C têm um efeito protector contra diversas doenças, desde resfriados comuns a enfartes do miocárdio e demência, e são por isso objecto de estudo para muitos cientistas.
 
Para Katrin Mani, "a ideia de que a vitamina C possa ter um efeito positivo sobre a doença de Alzheimer é controversa, mas os nossos resultados fornecem novas oportunidades para investigar esta doença e o potencial da vitamina C".
 
ALERT Life Sciences Computing, S.A.