Neurônios e a Hipótese Beta-amilóide (N. 180) Parceria: O Porta-Voz e Painel do Coronel Paim
quarta-feira, 12 de novembro de 2014
Novas e promissoras
perspectivas no tratamento da doença de Alzheimer foram apresentadas
nesta quarta-feira (12) durante o Primeiro Encontro sobre Envelhecimento
e Doenças Neurodegenerativas da Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro (PUC-Rio). Pesquisa de laboratório descobriu um composto
orgânico capaz de evitar o acúmulo de metais fisiológicos no cérebro, o
que pode ajudar a retardar a progressão da doença.
A pesquisa é fruto de parceria entre o
Departamento de Química do Centro Técnico Científico da PUC-Rio e o
Instituto de Biologia Molecular e Celular de Rosario, na Argentina.
Um dos coordenadores da pesquisa,
Nicolás A. Rey, explicou que os testes experimentais comprovaram que o
composto hidrazona mostrou-se eficaz no sequestro dos biometais zinco,
cobre e ferro da beta-amiloide, proteína encontrada em grande quantidade
nos pacientes com Alzheimer. "Os metais que se acumulam na
beta-amiloide produzem radicais-livres, que atacam os próprios
neurônios", explicou ele.
Os pequenos agrupamentos de
beta-amiloide podem bloquear a sinalização entre as células nas
sinapses, que é o primeiro passo para a série de eventos que leva à
perda de neurônios e aos sintomas da doença. Nicolás disse que "o
hidrazona tem boa absorção no cérebro, não é tóxico, e seu processo [de
produção] é ambientalmente correto e de baixo custo".
Após testes preliminares em animais, a
reação do grupo de controle foi muito positiva, segundo o cientista, sem
mortes ou doenças entre os ratos que receberam enormes doses da
substância. Os testes devem durar mais um ano e meio, e nesse período a
equipe vai buscar parceiros para a fase de testes farmacológicos na
busca por drogas anti-Alzheimer.
sexta-feira, 7 de novembro de 2014
Teste em macacos controla toxina do mal de Alzheimer
Em um teste com macacos, uma nova terapia que usa anticorpos –moléculas
do sistema imune– obteve bom resultado em combater a beta-amiloide, a
proteína que causa o mal de Alzheimer quando se acumula no cérebro.
A nova técnica, desenvolvida pela Genentech, empresa de biotecnologia incorporada pelo laboratório Roche, solucionou um dos principais obstáculos no desenvolvimento de drogas contra essa doença, caracterizada pela perda de neurônios e por problemas de memória.
Em tubos de ensaio, outros medicamentos já haviam se mostrado eficazes contra a beta-amiloide, mas é difícil fazer com que uma substância injetada no sangue chegue até os neurônios que deve tratar. Para tal, é preciso cruzar a chamada barreira hematoencefálica, que protege neurônios de toxinas do sangue. Quando se trata de moléculas grandes, só aquelas com um tipo de "chave" química conseguem fazê-lo.
No trabalho desenvolvido pela Genentech, o grupo do neurocientista Ryan
Watts desenvolveu um anticorpo híbrido, que possui dois braços, com
diferentes funções. Um deles tem a tarefa de agarrar a proteína
transferrina –uma dessas "chaves" que abrem a barreira hematoencefálica.
O outro braço do anticorpo é o medicamento propriamente dito, que atua contra o acúmulo da beta-amiloide.
FORÇA IDEAL
Para desenvolver a técnica, Watts juntou-se a Mark Dennis, "engenheiro de anticorpos" da Genentech. Os dois conceberam uma molécula capaz de penetrar o cérebro e, lá dentro, desativar uma proteína chamada beta-secretase 1, envolvida na produção da beta-amiloide.
Os dois já vinham desenvolvendo essa estratégia havia tempos, mas tinham dificuldade em fazer os anticorpos largarem a transferrina depois de entrarem no cérebro, o que atrapalhava seu ataque final à beta-secretase.
Em estudo publicado nesta quarta-feira (5) na revista "Science Translational Medicine", Watts e Dennis explicam como contornaram o problema. O truque foi criar um anticorpo que não agarra a transferrina com tanta força e é capaz de largá-la depois de entrar no cérebro.
Os cientistas relatam no trabalho que haviam feito o primeiro teste da terapia em 2011, em camundongos, mas a terapia havia se revelado um pouco tóxica, pois a droga acabava atacando também células produtoras de sangue como efeito colateral.
No teste realizado agora, com dez macacos-cinomolgos, os cientistas relataram que esse problema não ocorreu, pois ajustes feitos na molécula evitaram o problema.
Usando injeções intravenosas periódicas de anticorpos, Watts conseguiu reduzir em 50% a contagem de beta-amiloide dos macacos medida no plasma sanguíneo. "Essa plataforma pode entregar anticorpos terapêuticos de maneira robusta e segura através da barreira hematoencefálica de primatas", escreveu.
O próximo passo, segundo a Genentech, é produzir os anticorpos com pureza suficiente e pedir licença para um teste em humanos. Como macacos não desenvolvem alzheimer, será preciso ver se a terapia tem efeito sobre sintomas da doença.
A nova técnica, desenvolvida pela Genentech, empresa de biotecnologia incorporada pelo laboratório Roche, solucionou um dos principais obstáculos no desenvolvimento de drogas contra essa doença, caracterizada pela perda de neurônios e por problemas de memória.
Em tubos de ensaio, outros medicamentos já haviam se mostrado eficazes contra a beta-amiloide, mas é difícil fazer com que uma substância injetada no sangue chegue até os neurônios que deve tratar. Para tal, é preciso cruzar a chamada barreira hematoencefálica, que protege neurônios de toxinas do sangue. Quando se trata de moléculas grandes, só aquelas com um tipo de "chave" química conseguem fazê-lo.
Editoria de arte/Folhapress | ||
O outro braço do anticorpo é o medicamento propriamente dito, que atua contra o acúmulo da beta-amiloide.
FORÇA IDEAL
Para desenvolver a técnica, Watts juntou-se a Mark Dennis, "engenheiro de anticorpos" da Genentech. Os dois conceberam uma molécula capaz de penetrar o cérebro e, lá dentro, desativar uma proteína chamada beta-secretase 1, envolvida na produção da beta-amiloide.
Os dois já vinham desenvolvendo essa estratégia havia tempos, mas tinham dificuldade em fazer os anticorpos largarem a transferrina depois de entrarem no cérebro, o que atrapalhava seu ataque final à beta-secretase.
Em estudo publicado nesta quarta-feira (5) na revista "Science Translational Medicine", Watts e Dennis explicam como contornaram o problema. O truque foi criar um anticorpo que não agarra a transferrina com tanta força e é capaz de largá-la depois de entrar no cérebro.
Os cientistas relatam no trabalho que haviam feito o primeiro teste da terapia em 2011, em camundongos, mas a terapia havia se revelado um pouco tóxica, pois a droga acabava atacando também células produtoras de sangue como efeito colateral.
No teste realizado agora, com dez macacos-cinomolgos, os cientistas relataram que esse problema não ocorreu, pois ajustes feitos na molécula evitaram o problema.
Usando injeções intravenosas periódicas de anticorpos, Watts conseguiu reduzir em 50% a contagem de beta-amiloide dos macacos medida no plasma sanguíneo. "Essa plataforma pode entregar anticorpos terapêuticos de maneira robusta e segura através da barreira hematoencefálica de primatas", escreveu.
O próximo passo, segundo a Genentech, é produzir os anticorpos com pureza suficiente e pedir licença para um teste em humanos. Como macacos não desenvolvem alzheimer, será preciso ver se a terapia tem efeito sobre sintomas da doença.